Por meio da realização de um eletroencefalograma (EEG), os pesquisadores conseguiram definir quais bebês tinham uma inclinação ao espectro autista
Por Aline Melo e Vanessa Lima - atualizada em 16/05/2018 - Revista Crescer
Um estudo publicado na Scientific Reports pode ter dado um importante passo em direção ao diagnóstico precoce do autismo. Por meio de um exame simples e conhecido do público em geral, o eletroencefalograma (EEG), os pesquisadores conseguiram definir já aos 3 meses de idade quais bebês tinham inclinação ao transtorno do espectro autista e até prever o grau de comprometimento.
Realizado de forma colaborativa entre o Hospital Infantil de Boston, a Harvard Medical School e a Universidade de Boston, o estudo analisou 188 bebês, dos quais 99 tinham um irmão mais velho com autismo e 89 eram considerados de baixo risco. Eles foram acompanhados dos 3 aos 36 meses, quando geralmente é feito um diagnóstico assertivo. Dessa forma, os pesquisadores puderam conferir quais previsões feitas a partir do EEG estavam corretas. A taxa de precisão superou os 95% a partir dos 6 meses.
"Os resultados são impressionantes. A precisão do diagnóstico foi de quase 100% aos 9 meses de idade, inclusive, do grau dentro do espectro autista", ressalta William Bosl, um dos autores. Outra vantagem é que o EEG, exame que registra a atividade elétrica do cérebro por meio de eletrodos afixados nos couro cabeludo, tem baixo custo, não é nada invasivo e sequer exige que a cabeça do bebê seja raspada.
Maria Carolina Serafim, psiquiatra infantil do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR), ressalta um crescimento no número de estudos com bebês nos últimos tempos. "Temos acompanhado muitos trabalhos de psicanalistas, psiquiatras e neurologistas com bebês. Há um investimento muito grande na observação de crianças de 3, 4 meses, quando já é possível identificar alguma dificuldade no desenvolvimento. Tem muita gente trabalhando com isso, mesmo sem a preocupação de evidências biológicas, diferentemente desse estudo com eletrodos", diz.
A justificativa para esse interesse crescente no desenvolvimento desde os primeiros meses de vida é que o diagnóstico precoce pode ajudar a diminuir a angústia dos pais, que chegam a esperar anos por uma resposta, e preparar essa família quanto à melhor formar de amparar a criança. Estudos demonstram que a intervenção precoce pode ser definitiva para que algumas barreiras do desenvolvimento da criança autista - principalmente de comunicação e comportamental - sejam superadas.
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