Pesquisadores americanos acreditam que essa pode ser uma ferramenta para ajudar pediatras a identificar o distúrbio de forma mais fácil
29 nov 2018, 17h35 - Publicado em 29 nov 2018, 17h33
O autismo é uma desordem difícil de detectar. Muitas vezes, os sintomas clássicos – como choro excessivo, irritabilidade, repetição sem sentido de palavras e pouco contato visual – são confundidos com o comportamento normal de crianças pequenas. Por outro lado, o ideal é que o diagnóstico aconteça antes dos 5 anos de idade, e o processo exige várias consultas, em que o especialista precisa analisar se a criança apresenta todos os aspectos que caracterizam o distúrbio.
(Michal Parzuchowski/Unsplash) |
Mas, um estudo publicado na última terça-feira (27) no periódico científico PLOS Medicine traz uma possível solução para essa realidade. Na pesquisa, cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade Stanford, no Estados Unidos, usaram vídeos captados pelos pais de crianças autistas para agilizar o processo de diagnóstico – e os resultados foram animadores.
Os experts selecionaram as famílias pelas redes sociais. No total, eles receberam 116 vídeos de crianças autistas na faixa dos 4 anos e 10 meses de idade e 46 captações de pequenos com 2 anos e 11 meses de vida. Todos os registros tinham entre 1 e 5 minutos de duração e mostravam o rosto dos baixinhos, assim como gestos e interação com pessoas, brinquedos e materiais de pintura, como giz de cera e lápis de cor.
Para analisar os vídeos, os autores recrutaram nove avaliadores que tinham como função observar quais comportamentos típicos do autismo os voluntários mirins apresentavam. Enquanto assistiam às gravações, eles tinham que responder a 30 perguntas cuja resposta era apenas “sim” ou “não”.
Essas respostas eram registradas em computadores que contavam com algoritmos determinados a identificar cinco de 12 sinais comportamentais de autismo. A partir disso, o sistema calculava uma nota que indicava se o pequeno era ou não autista.
Eficiência
O experimento deu certo: em apenas quatro minutos, os avaliadores assistiram aos vídeos e identificaram os comportamentos dos baixinhos. Já os algoritmos acertaram se a criança tinha ou não autismo em 88,9% das vezes. No caso de diagnóstico positivo, o sistema fez uma rotulação correta em 94,5% dos episódios; em relação aos pequenos que não têm o distúrbio, a precisão foi de 77,4%.
Segundo os autores, o modelo funcionou porque, além de ser eficaz em detectar corretamente o distúrbio, a escala de pontos ainda indica qual o grau de severidade do autismo.
Ferramenta para pediatras
Dennis Wall, líder da pesquisa, acredita que esse sistema vai ajudar a agilizar o diagnóstico. “Isso poderia ser usado em consultas pediátricas de rotina”, propõe Wall, em nota. Segundo ele, os aspectos comportamentais poderiam ser avaliados tanto quanto o peso e a altura dos pequenos.
Agora, Wall e sua equipe estão replicando o estudo em Bangladesh, para saber se ele vale para outras culturas. “Nosso sonho é que uma ferramenta como essa faça com que os pediatras se sintam mais confiantes em identificar o autismo e outros distúrbios do desenvolvimento”.
Fonte: Super Interessante
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