Pesquisa dinamarquesa é publicada em um momento de aumento de casos de sarampo no mundo
O Globo. 05/03/2019 - 09:14
COPENHAGEN - A vacina contra sarampo, caxumba e rubéola, conhecida no Brasil como a tríplice viral, não tem causa autismo, reafirma um importante estudo dinamarquês realizado na tentativa de esclarecer dúvidas diante de um crescente movimento de pessoas que duvidam da vacinação, e à medida que surgem mais casos de sarampo no mundo.
Imagem Ilustrativa: Internet |
Dúvidas sobre esta vacina começaram a surgir a pós a publicação de um artigo do gastroenterologista Andrew Wakefield, que supôs, em 1998, que ela estaria ligada ao transtorno. Os sintomas do autismo geralmente começam a se manifestar na época em que é feita a imunização, entre 12 e 15 meses de idade.
A teoria foi desacreditada e Wakefield foi posteriormente afastado da prática da medicina, mas as contestações em torno da segurança das vacinas voltaram, com propagação nas redes sociais e em alguns países também ligados ao populismo anti-establishment.
O artigo sobre o estudo, divulgado na revista Annals of Internal Medicine, publicada pelo American College of Physicians, foi escrito por pesquisadores dinamarqueses, que também conduziram um dos principais estudos para refutar o vínculo em 2002. Seu trabalho mais recente envolve 6.517 casos de autismo, o maior número até o momento, entre 650 mil crianças no registro populacional dinamarquês, seguiu mais de dez anos.
Um dos pesquisadores, Anders Peter Hviid, do Statens Serum Institut em Copenhague, disse: “Isso [estudo de 2002] foi publicado no New England Journal of Medicine 16 anos atrás, mas não dissipou essa ideia de que a vacinação causa o autismo".E acrescentou: "Lembro que há alguns anos nós vimos Donald Trump em sua campanha presidencial twittando sobre vacinas causando o autismo."
Os pesquisadores procuraram abordar especificamente algumas das críticas ao lobby anti-vacina, como a sugestão de que alguns grupos de crianças eram mais vulneráveis ao autismo após a vacina tríplice viral do que outros. Os pesquisadores analisaram crianças com um irmão com autismo e com fatores de risco aumentados para o autismo, como pais mais velhos.
Os pesquisadores também analisaram se havia mais autismo entre as crianças que haviam recebido outras vacinas antes da tríplice.
Em seus argumentos contra esse tipo de imunização, ativistas anti-vacina também fizeram reivindicações de “clusters” de uma forma regressiva de autismo, causada pela vacinação, que não aparece em estudos populacionais completos. Todas essas teorias foram testadas no estudo, disse Hviid, e consideradas falsas.
"Não encontramos nenhum apoio para a hipótese de aumento do risco de autismo após a vacinação em uma população não-selecionada de crianças dinamarquesas, sem apoio para a hipótese de vacinação MMR (na sigla em inglês) desencadeando autismo em subgrupos suscetíveis caracterizados por fatores de risco ambientais e familiares, e sem apoio para um agrupamento de casos de autismo em períodos de tempo específicos após a vacinação com MMR ”, diz o artigo.
O estudo pode não ser suficiente, admitem os pesquisadores: “Vivemos em um mundo 'resistente a fatos' onde os dados têm um valor persuasivo limitado. Então, como médicos e autoridades de saúde pública desmascaram o mito do MMR?", pergunta o artigo.
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Fonte: O Globo - Coladorou: montedo.com
Redação neste Blog: Associação de Pais e Amigos do Autista de Cruz Alta. Em 05/03/19. 18:54
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