O Censo Demográfico de 2022, conduzido pelo IBGE, foi o primeiro a incluir um levantamento específico sobre o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) na população brasileira. A nível nacional, foram identificadas 2,4 milhões de pessoas com diagnóstico confirmado, representando 1,2% da população. No entanto, ao observarmos os dados regionais com percentuais reais ajustados por município, identificamos uma grande variação local.
Abaixo, apresentamos os números comparativos entre Cruz Alta e os municípios vizinhos:
📊 Estimativa de Pessoas com TEA – Região de Cruz Alta (Censo 2022 + Percentuais Reais)
Município | População | Percentual (%) | Estimativa Pessoas TEA |
---|---|---|---|
Cruz Alta | 58.913 | 0,8% | 471 |
Ijuí | 87.775 | 1,0% | 878 |
Panambi | 45.042 | 1,0% | 450 |
Ibirubá | 20.413 | 0,8% | 163 |
Pejuçara | 3.973 | 0,4% | 16 |
Boa Vista do Incra | 2.271 | 0,4% | 9 |
Boa Vista do Cadeado | 2.229 | 0,6% | 13 |
Santa Maria | 271.735 | 1,2% | 3.261 |
Santa Bárbara do Sul | 8.122 | 0,6% | 49 |
Tupanciretã | 23.000 | 1,1% | 253 |
🔎 Análise: O que esses números revelam?
Embora Cruz Alta não esteja entre os municípios com maior percentual de TEA, o número estimado de 471 pessoas diagnosticadas representa um dado relevante para a estrutura local de atendimento, educação e inclusão.
Municípios como Santa Maria e Ijuí apresentam percentuais mais elevados, o que pode ser atribuído à presença de centros universitários, serviços especializados e maior acesso a profissionais da área de saúde mental. Por outro lado, cidades como Pejuçara e Boa Vista do Incra têm índices menores, o que pode refletir tanto uma menor incidência real quanto possíveis dificuldades no acesso ao diagnóstico formal.
⚖️ Importância da Interpretação Cautelosa
É essencial destacar que os números do censo são baseados em autodeclaração domiciliar e não em laudos clínicos padronizados. Portanto, devem ser interpretados com cautela.
Além disso, não se pode assumir que índices baixos representam falhas nos serviços públicos. Em muitos casos, comunidades menores têm redes de apoio informal mais presentes, ou enfrentam menos pressão para diagnósticos formais. Por outro lado, índices mais elevados não significam, automaticamente, excelência em políticas públicas, podendo ser resultado de medicalização excessiva ou de maior mobilização por parte das famílias.
✅ Conclusão
Os dados sobre o autismo na região de Cruz Alta revelam uma importante diversidade nos índices municipais, que devem ser analisados à luz da realidade de cada localidade. A comparação entre cidades é útil, mas não deve ser usada para julgamento apressado da eficiência ou deficiência de políticas públicas.
Mais do que os números, é fundamental que os municípios invistam em: capacitação profissional, diagnóstico responsável e ético, apoio educacional e familiar e promoção da inclusão em todos os espaços sociais
O verdadeiro progresso virá não da busca por uniformidade nos índices, mas da garantia de dignidade e qualidade de vida às pessoas com autismo em qualquer parte do território.
Edivan Souza
Presidente da AMACA