Sangue do cordão umbilical com potencial no tratamento do autismo

Diário On Line | 21 Abr 2017
 
Os resultados de um ensaio clínico conduzido por um grupo de investigadores da Universidade de Duke (EUA), publicados recentemente na revista científica Stem Cells Translational Medicine, revelaram que a infusão autóloga (transplante no próprio indivíduo) de sangue do cordão umbilical (SCU) pode aliviar os sintomas associados às Perturbações do Espectro do Autismo (PEA), provavelmente através da regulação de processos inflamatórios ao nível cerebral.

O estudo, de fase 1, incluiu 25 crianças, com idades entre os dois e os seis anos, com diagnóstico confirmado de PEA e que tinham SCU criopreservado num banco de células estaminais. As crianças foram sujeitas a avaliações comportamentais e funcionais, imediatamente antes da infusão de SCU e aos seis e 12 meses após a mesma.

Durante os 12 meses, foi confirmado que o tratamento era seguro e bem tolerado, tendo sido observadas melhorias significativas ao nível da comunicação, comportamento social e sintomas do autismo, nas classificações clínicas da severidade dos sintomas e no grau de melhoria, nas medidas padronizadas de vocabulário expressivo e nas medidas objetivas da atenção das crianças aos estímulos sociais. As evoluções comportamentais observadas nos primeiros seis meses, após a infusão, mantiveram-se aos 12 meses, sendo mais significativas nas crianças que inicialmente tinham maior QI não‑verbal.

Carla Cardoso, Investigadora na área das células estaminais defende que “Atualmente, os tratamentos farmacológicos disponíveis para as PEA dirigem-se apenas aos sintomas associados, como a irritabilidade, não atuando sobre os sintomas principais. Assim, há uma grande necessidade de tratamentos mais eficazes para estas patologias. Este ensaio clínico vem sugerir uma nova abordagem terapêutica para o tratamento das PEA, ao mostrar que a infusão autóloga de SCU está associada a melhorais comportamentais significativas em crianças com PEA, contribuindo para uma melhoria funcional global nestes casos pediátricos”.

As PEA são patologias neuropsiquiátricas que apresentam uma grande variedade de manifestações clínicas e resultam de disfunções multifatoriais do desenvolvimento do sistema nervoso central, afetando o normal desenvolvimento da criança. Os sintomas manifestam-se nos primeiros três anos de vida e incluem os domínios social, comportamental e comunicacional.

Entre as PEA, o autismo é a patologia mais comum. A sua incidência tem vindo a aumentar em todo o mundo, atingindo atualmente cerca de 60 em cada 10 mil crianças, com maior prevalência no sexo masculino. Em Portugal, estima-se que a doença afete uma em cada mil crianças em idade escolar.
Sobre a Crioestaminal

A Crioestaminal, fundada em 2003, foi o primeiro banco de criopreservação em Portugal, sendo o maior da Península Ibérica e o quarto a nível europeu. Sediada no Biocant – o maior parque de Biotecnologia português, emprega mais de 80 colaboradores e tem presença em quatro países da Europa (Portugal, Espanha, Itália e Suíça). É o único banco ibérico acreditado pela AABB (American Association of Blood Banks), sendo um dos mais influentes e inovadores bancos de células estaminais do cordão umbilical do mundo. Tem mais de 70 mil amostras recolhidas e criopreservadas desde a sua fundação, sendo o player em Portugal com o maior número de amostras resgatadas e transplantes realizados, com 13 utilizações em oito crianças. Promove um trabalho de referência na terapêutica com células estaminais, com quatro patentes internacionais registradas e vários projetos de investigação em curso. Investe, anualmente, cerca de 10% do seu volume de negócios em Investigação & Desenvolvimento.

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