Humanoide francês NAO é utilizado em diversas disciplinas, além de ajudar o processo de socialização das crianças.
ma escola em Natal tem utilizado a robótica como ferramenta para tratar o autismo. Uma das tecnologias utilizadas é o robô francês NAO que é usada como ferramenta pedagógica para o ensino de programação, matemática, física, língua inglesa, literatura, entre outras disciplinas, além de que contribuir no processo de socialização de crianças com autismo.
Com a ajuda desta tecnologia, o estudante Danilo Nogueira - de apenas 11 anos - já desenvolveu a própria guitarra elétrica, construiu um Minecraft composto por centenas de peças, um suporte de celular que permite adaptação no ângulo de apoio, um spinner e um chaveiro.
“Minha sensação é de que estou inventando alguma coisa que vai revolucionar o mundo. Acredito que posso transformar a realidade quando estudo e pratico robótica”, disse Danilo, que há poucos meses foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas enfrenta as peculiaridades da condição há anos.
A mãe do menino, Andressa Nogueira, relembra que o filho já passou por nove escolas diferentes. “Desde que começou a frequentar as aulas de robótica, identificamos uma melhora significativa na socialização e no estímulo às suas habilidades de criação”, explica Andressa. Além de todos os benefícios de apoio à aprendizagem, interdisciplinaridade e aplicação prática, a robótica também pode melhorar a interação de pessoas autistas, proporcionando mais qualidade de vida.
A tecnologia do robô humanoide francês NAO é utilizada pela escola de robótica educacional Robô Ciência tanto no contexto do aprendizado em ciência quanto para estratégias de socialização para crianças e adolescentes que se enquadram no TEA, caso de Danilo.
O NAO tem 57 centímetros de altura e é composto por duas câmeras, quatro microfones, dois alto-falantes e sensores espalhados pelo corpo revestido de material plástico. Considerado o humanoide prodígio da robótica educacional, é um dos robôs mais avançados, capaz de reconhecer comandos de voz, gestos e toques. Ele é utilizado em pesquisas por várias universidades do mundo, principalmente no campo educacional.
Robótica e autismo
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), há mais de 2 milhões de autistas no Brasil e 70 milhões no mundo. Para a psicopedagoga e especialista em neuropsicopedagogia Carla Lúcio Alves, a eficiência do tratamento dá-se com a possibilidade que a criança enxerga de “confiar” no robô, já que pessoas com TEA apresentam melhor interação quando desenvolvem confiança em alguém. “Os robôs compostos de inteligência artificial e estrutura global semelhante a dos humanos não ridicularizam o jeito de ser de ninguém, não julgam, não criticam e fazem aquilo que os demais brinquedos não fazem. Talvez assim fique fácil confiar que esse ‘amigo’ lhe entende”, explica a especialista.
Ela acrescenta que a ludicidade e a objetividade de brincar com o robô devem estar associadas ao trabalho de elaboração e montagem desses instrumentos, já que dessa forma a criança com autismo poderá desenvolver habilidades psicomotoras. No entanto, ela adverte que é interessante que existam mediadores nessa relação, e outras crianças e adolescentes da mesma idade, pois com todas as vantagens que o robô traz, deve existir o cuidado para que o indivíduo não se isole. “Para isso, é importante aderir a estratégias de trabalho da sociabilidade, por exemplo, brincadeiras que envolvam o robô e mais de uma criança, considerando integrar aquelas que têm os mesmos desejos”, conclui.
Para Alexandre Amaral, físico e professor da escola, o resultado é perceptível no dia a dia da escola, à medida em que, ao interagirem com o Robô, crianças e adolescentes com TEA começam a se relacionar mais efetivamente com colegas e professores, passando até a executar gestos e atividades não costumeiras, como sorrir e dançar. “É inenarrável a emoção de uma criança ou adolescente ao ver o NAO recitar um poema, explicar as leis de Newton, jogar bola, ou até mesmo ler um texto em outro idioma”, finaliza.
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