Os avanços da ciência em relação ao transtorno incluem análise dos cérebros de bebês ainda no útero, testes de genoma e tratamento com cannabis. Entenda!
Por Juliana Malacarne - Publicada pela Crescer - 17/10/2018
Novidades sobre o autismo, que ainda permanece um mistério médico (Foto: Thinkstock) |
Um relatório divulgado em maio deste ano pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, estima que 1 em cada 59 crianças está no espectro autista. Apesar de atingir milhões de pessoas, o transtorno permanece um mistério sem causas conhecidas tratado muitas vezes de forma ineficaz. Felizmente, pesquisadores no mundo todo estão empenhados em derrubar os mitos sobre o assunto e aumentar a qualidade de vida de quem vive com ele.
Confira 3 novidades da ciência para entender melhor o espectro autista:
Alterações no cérebro
Baseados em estudos que mostram que os cérebros de bebês autistas possuem alterações relevantes quando comparados aos de outras crianças, pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (Estados Unidos) estão criando o “atlas do desenvolvimento típico do cérebro”. Os cientistas estão escaneando cérebros de 1.500 fetos (entre 20 e 44 semanas pós-concepção) e bebês (com duas semanas de vida), para rastrear a estrutura de nervos e mudanças significativas que ocorrem ao longo do desenvolvimento.
A expectativa é que as imagens revelem como fatores de risco para o autismo podem interferir no desenvolvimento cerebral, tornando possível a identificação do transtorno até mesmo dentro do útero. “Comportamentos nos primeiros 18 meses de vida não são bons preditores de quem desenvolverá autismo, mas descobrimos que usando ressonâncias magnéticas estruturais em bebês de 6 a 12 meses poderíamos prever com alta precisão [88%] os que teriam o diagnóstico de autismo aos 2 anos de idade. A implicação disso é que poderemos ser capazes de intervir nessas crianças antes que os sintomas apareçam e antes que as alterações cerebrais associadas ao autismo aos 2 anos se consolidem. Quanto antes, melhor", afirmou em nota, Joseph Piven, professor de Psiquiatria da Universidade da Carolina do Norte envolvido no projeto. Ainda não há previsão para a publicação completa do estudo.
Tratamento alternativo
Um estudo publicado em abril deste ano no prestigiado jornal científico Neurology apontou que o CDB, componente da cannabis medicinal que não é psicotrópico, pode apresentar resultados positivos no tratamento de crianças autistas. Pesquisadores do Hospital Shaare Zedek, em Jerusalém, receitaram doses do remédio para 60 pacientes entre 5 e 17 anos de idade e ouviram os pais sobre mudanças no comportamento dos filhos 7 meses depois do início da terapia.
No questionário, 86% dos pais declararam ter notado diminuição na ansiedade dos pequenos e melhora na capacidade de comunicação; e 61% deles afirmaram que a frequência de crises comportamentais caiu muito. O próximo passo é repetir o teste com um número maior de pacientes e um grupo de controle, para verificar se as melhoras indicadas não têm relação com efeito placebo.
Mapeamento genético
Testes genômicos para identificar o Transtorno do Espectro do Autismo e planejar um tratamento individualizado já são realidade. No Brasil, uma das principais empresas que oferecem o serviço é a TISMOO. O valor dos exames varia entre R$ 4.157 e R$ 22.500, dependendo da complexidade da análise. “Estudos têm revelado o envolvimento de centenas de variantes genéticas no autismo. Quando se chega ao conhecimento delas, por meio da realização de testes genômicos, em muitos casos, é possível identificar características específicas da evolução clínica daquele paciente com TEA e, a partir disso, orientamos a terapêutica”, explica Iara Brandão, médica geneticista, neuropediatra e consultora da TISMOO.
AMACA/CRUZ ALTA
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